terça-feira, 6 de setembro de 2011

O caso das cobras na piscina de bolinhas no McDonald's

Cuidado com as piscinas de bolinhas!

Essa história de criança mordida de cobra é lenda que circula em todo o mundo.

Aconteceu no McDonald’s 9 de Julho em Jundiaí - SP; ou no McDonald’s da “avenida 9 de Julho”, sem indicação de cidade, ou em variados shopping centers e parques de diversões: Curitiba - PR, Franca e Piracicaba - SP, Uberlândia e Montes Claros - MG, Campos - RJ.

E também em Dallas, Midland e Houston - Texas, Baton Rouge - Louisiana, Arizona e no Alabama.

Em consequência da mordida da cobra, ou das mordidas das cobras, a criança morreu.

Em uma das versões, os donos da lanchonete teriam oferecido R$ 35.000,00 aos pais da criança para eles esquecerem o caso. Um absurdo! Uma desumanidade!

Outra versão diz: Amigos da Família divulgaram que O McDonald’s ofereceu pagar a indenização em dobro para que a família não divulgasse o caso. Mas não menciona a quantia original e fica a dúvida: dobro de quanto?

Este caso aconteceu dia 19/11/04 no McDonald’s da Av. 9 de Julho de Jundiaí, foi um cliente nosso de lá quem mandou a mensagem. Cliente de quem?


Em abril de 2005, circulou mensagem afirmando que o caso teria ocorrido na cidade de Goiânia - GO e, por conta disso, sete das oito lojas de uma rede de lanchonetes haviam sido fechadas. Ao voltar à tal lanchonete o pai da criança descobriu que havia um "ninho de cobra, com aproximadamente 23 filhotes".

Nessa mensagem, vale destacar as imprecisões:

- a contagem do número de cobras (aproximadamente 23 filhotes);
- a indicação da idade da criança (3 a 5 anos);
- a data do acidente (A [sic] mais ou menos um mês e meio atrás).

Quer dizer, apesar de se apresentar como o desabafo de uma pessoa ligada a família de "Maria" o(a) autor(a) da mensagem não sabe dizer a idade da criança nem tampouco se a idéia da Operação Abafa foi dos coordenadores ou [...] da família da vitima.

E quem redigiu o desabafo também não lembra quando ocorreu o suposto acidente.

Às vezes, a criança aparece toda picada (virou picadinho?:). Outras vezes, foram apenas duas mordidas, confundidas com picadas de pernilongos, borrachudos ou muriçocas, dependendo da região do país.

Pode não ter sido o mesmo animal, mas apenas a mesma lenda que andou passeando por outros lugares do planeta.

Nos EUA, uma mulher estava provando casacos numa loja de departamentos quando foi mordida por uma cobra. O réptil fora costurado dentro do forro do casaco no país de origem deles, da cobra e do casaco, um país sul-americano ou asiático, conforme a preferência do contador da história.

Mas não são apenas serpentes que povoam a imaginação dos passadores de lendas sobre lanchonetes.

Nos EUA, é famoso o caso de Kevin Archer, filho de Lauren Archer. Ele estava brincando numa dessas piscinas de bolas quando começou a reclamar de dor nas costas. Mais tarde, a criança começou a passar mal, morreu no hospital e a autópsia constatou que a morte fora conseqüência de overdose de heroína.

Ao esvaziar a piscina de bolas da lanchonete (McDonald’s ou Burger King), os policiais teriam encontrado comida estragada, facas, fraldas, fezes, urina e seringas contendo heroína. Um verdadeiro lixo.

A notícia espalhou-se rapidamente, pois o Houston Chronicle de 10 outubro de 1994 teria publicado a notícia. O jornal desmentiu: jamais publicara coisa semelhante.

Essas histórias circulam desde a década 80 e pode até existir alguém chamado Kevin Archer, mas jamais foram localizados nem o cadáver da criança, nem a sua família nem a lanchonete.

Kevin Archer tinha 3 anos de idade. A suposta vítima brasileira tinha 4 anos.

Seja como for, essas piscinas de bolas talvez recebam, diariamente, alguma dose de xixi e de cocô de criança e os riscos sejam outros. Visita de cobras?

O sáite da Difusora de Franca - SP tomou conhecimento do suposto acidente, fez as investigações e concluiu que tudo não passa de uma lenda urbana. A mesma coisa fez o saite Montesclaros.com: tudo mentira.

Investigando o suposto acidente, o Jornal de Piracicaba ouviu Carmelina de Toledo Piza, mestra em educação e contadora de histórias. "Ela afirma que as lendas urbanas surgem para preservar o mito, que alimenta o medo. Carmelina cita como lendas urbanas o saci-pererê, a mula-sem-cabeça, a loira-do-banheiro, o caboclinho-d'água e, mais recentemente, o chupa-cabras."

O saci, a mula-sem-cabeça, a loira-do-banheiro e o caboclinho-d'água são mitos locais do Sul do país. O chupa-cabras andou passeando por vários lugares do Brasil.

Na região da mata de Pernambuco, temos os mitos locais: a caipora e a comadre 'fulôzinha' dão muito trabalho aos que moram ou trabalham no campo. A alma de cavalo também prega sustos aos mais descuidados. Há duas décadas, ficou famosa a perna cabeluda que fazia horrores aqui no Recife.

Eu, particularmente, prefiro ouvir as histórias da irascível caipora e da ranzinza "cumadi fulôzinha". São mais divertidas e saborosas do que essas coisas de shoppings centers e sanduíches gordurosos com sabor de borracha.

Aparentemente inconseqüentes, histórias desse tipo trazem prejuízos para pessoas que nada têm a ver com ela. É o caso de Cristiane, empresária do ramo de diversões infantis do Rio Grande Sul. Diz ela: "Aqui em minha cidade (Santa Maria - RS) inventaram essa história e, por incrível que pareça, tive uma cliente que desistiu da locação de uma piscina de bolinhas pq a filha está traumatizada com a história do shopping."

Uma das versões afirma que o fato teria ocorrido no dia 19/11/04 no MC da Av. 9 de Julho de Jundiai e completa: Um amigo meu tecnico de segurança do trabalho me enviou este e-mail, que diga-se de passagem é de arrepiar os cabelos. Passem ele adiante, podemos assim evitar que outras tragédias como essa, independente do lugar, voltem a acontecer.

Maria Lúcia ficou preocupada, pois em sua cidade, Joinvile - SC, circulou história dizendo que uma criança [ ...] foi mordida por uma Jararaca na piscina de bolinha das lojas Havan.

Jararaca, cobra coral, cascavel. Essas cobras e suas histórias passeiam pelo Brasil e pelo mundo revelando o quanto as pessoas temem esses animais peçonhentos. Esse medo não é coisa recente, vem dos tempos mais remotos. Basta ver os diversos mitos envolvendo cobras de muitas cabeças, animais cujos membros são cobras ferocíssimas.

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